Áreas costeiras são as mais ameaçadas pelo aquecimento global
NUSA DUA, Indonésia (AFP) — Inundações, aumento do nível do mar, erosão do solo e impacto na agricultura são alguns dos maiores riscos enfrentados pelas zonas costeiras em função do aquecimento do planeta, segundo os especialistas que participam na Conferência Internacional sobre o Aquecimento Climático.
Densamente povoadas, as zonas costeiras concentram uma grande atividade humana em zonas restritas, agravando sua vulnerabilidade.
"Cinqüenta por cento da população mundial vive, no litoral", recordou Jordi Galofré, do ministério espanhol do Meio Ambiente, para quem a principal preocupação reside nos ecossistemas dos deltas do Ebro e de Guadalquivir.
Esta cifra chega a 70% em países como latino-americanso como o Uruguai, segundo Luís Santos, chefe do grupo de estudo sobre mudanças climáticas uruguaio.
Devido ao dinamismo econômico dessas zonas, os governos enfrentam a urgente necessidade de aplicar medidas de adaptação que impeçam a perda de renda nos setores de atividade que, paradoxalmente, contribuem para a vulnerabilidade dos litorais.
"A erosão é muito forte nas zonas em que cresce rapidamente o desenvolvimento turístico", explica Eduardo Reyes, delegado do governo do Panamá. "Mas as pessoas só levam em conta quando é muito tarde", acrescenta.
Segundo os especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), se não for feito nada para evitar, o aumento da temperatura mundial terá conseqüências graves nas zonas litorâneas mundiais.
As conseqüências podem ser dramáticas no próximo século, com o aumento do nível do mar, a degradação da qualidade do solo e do habitat marinho, a redução da qualidade da água e a introdução da água salgada nos estuários, com impactos na pesca e na biodiversidade.
O objetivo da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática é lançar um processo de negociação que resulte num novo acordo internacional para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, assim que o Protocolo de Kyoto chegar a seu fim, em 2012.